A imprevisibilidade dos impactos da Guerra

A imprevisibilidade dos impactos da Guerra

Crédito da foto: Divulgação | Escritório Nelson Williams.

Fernando Cavalcanti, economista, vice-presidente do Nelson Willians Group
Fabio Araújo, economista, especialista em economia urbana e engenharia financeira

As guerras são por natureza imprevisíveis e suas consequências inesperadas. No caso específico da invasão Russa contra a Ucrânia até pouquíssimo tempo atrás diversos analistas especializados em relações internacionais acham que seria pouco crível a possibilidade de um conflito bélico entre estes dois países, e que a mobilização de tropas russas na fronteira ucraniana não passava uma forma do Kremlin pressionar o governo ucraniano que flertava em aderir à OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte. Não há como não se lembrar de uma celebre frase de Marques de Maricá: “Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda.” E para infelicidade de todos, muitos dos analistas erraram em seus prognósticos.

Um dos primeiros efeitos do conflito foi a escalada dos preços de commodities agrícolas e energéticas. A Ucrânia é grande produtor de grãos e maior exportador global fertilizantes têm sido impactadas diretamente na sua cadeia de produção em virtude do conflito em seu território. Enquanto a Rússia, que é grande produtora e exportadora de trigo, milho, petróleo e natural foi diretamente impactada por sanções de diversos países ocidentais, prejudicando sobremaneira o fluxo destes produtos para o mercado global. Para se ter uma ideia, o impacto no preço do petróleo corresponde a um aumento de 30% sobre os preços previstos antes da guerra.

Além imensurável crise humanitária que assola a população Ucraniana, com milhões de refugiados tentando escapar dos efeitos diretos da Guerra, o conflito poderá acarretar consequências até o momento incalculáveis para toda a população mundial, como uma crise alimentar em virtude do desabastecimento de grãos e fertilizantes.

Como exemplo, aqui no mercado interno brasileiro, nas últimas semana sentimos o aumento considerável dos combustíveis e de produtos que utilizam o trigo como insumo. Diversos setores já sentem os impactos imediatos da guerra, como o setor de logística, transportes públicos e aplicativos de entregas.

Dados do último relatório FOCUS do Banco Central apontam que a perspectiva inflacionária para este ano aumento 1 ponto percentual nas últimas 4 semanas, onde o IPCA previsto para este chega 6,59% com tendência de alta. Como consequência, a taxa básica de juros deve fechar o ano acima de 13%, impactando diretamente a atividade produtiva. O Boletim Macro de março da FGV-IBRE, aponta que o aumento da inflação e o desarranjo na cadeia de suprimentos em virtude da guerra já impacta o Índice de Confiança dos Empresários que teve um recuo 1,2% em relação ao mês anterior.

Os efeitos da guerra somados à proximidade do período eleitoral vêm obrigando o governo brasileiro a anunciar diversas medidas nos últimos dias, como tentativa de atenuar os impactos na economia, como a “injeção de 150 bilhões de reais” em medidas como a liberação de novo saque do FGTS; a criação de programa de microcrédito digital; a ampliação de empréstimos consignados e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS. Além disso, o Ministério da Economia zerou até o final do ano as alíquotas de importação de alguns produtos, como macarrão, óleo de soja e outros para ajudar na queda da inflação.

Como se não bastasse as agruras da guerra, os novos surtos de Covid-19 e os consequentes lockdowns em diversas províncias chinesas são um componente adicional de incerteza sobre a economia mundial.

O momento requer muita atenção, em especial às medidas do governo para mitigar os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira sem deteriorar o nosso já combalido quadro fiscal e muita resiliência para desbravarmos este ano desafiador.

Felipe de Jesus

Minicurrículo: apaixonado pela área acadêmica, Felipe de Jesus é Jornalista, graduado em Comunicação Social: Jornalismo pela Faculdade Estácio de Sá/MG | Pós-Graduado em Jornalismo Digital pela Faculdade São Camilo | Pós-graduado (Lato Sensu) em Relações Públicas - RP & Assessoria de Imprensa pela Faculdade E.M e Mestre em Comunicação Social: Jornalismo e Ciências da Informação pela UEMC. Advogado pela UNIESP S.A./MG-SP - Pós-Graduado em Direito Empresarial - Direito Público e Licitatório pela Faculdade Focus/PR - Extensão em Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios Familiares/Responsabilidade Civil pela Escola Superior de Advocacia - OAB Nacional/ESA. É Economista pela UNP/SP | Teólogo pela ESABI/MG | Sociólogo pela Faculdade Polis das Artes - FPA/SP | Técnico em Publicidade pela IPED/SP | Perito & Assistente Judicial Trabalhista - Contábil/Imobiliário pela Faculdade Beta Perícias/Pós-Graduação Jurídica | Atualmente cursa o Bacharelado em Farmácia (Ciências Farmacêuticas) pela Federal Educacional LTDA - UniFECAF - Centro Universitário. Tem duas obras literárias publicadas, sendo uma da área de Sociologia: Sociedade Conectada (2020) e outro na área Econômica: 10 Passos Para Alcançar a Estabilidade Financeira (2024).

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