Desvendando o TID: o papel da arquitetura na inclusão
Esse conceito pode ajudar pessoas que já passaram por traumas
O Trauma-Informed Design (TID) é uma abordagem inovadora que visa criar espaços físicos que promovam o bem-estar emocional e psicológico das pessoas, especialmente aquelas que enfrentaram traumas em suas vidas. O TID se destaca por considerar não apenas a acessibilidade física, mas também o impacto dos ambientes nos traumas cognitivos e experiências traumáticas de diversos tipos. O objetivo é criar espaços onde todos os usuários se sintam seguros, respeitados e conectados, contribuindo para o processo de cura.
A arquiteta Mariana Gontijo explica que essa abordagem é importante na arquitetura e no design de espaços porque reconhece que o ambiente físico desempenha um papel fundamental no bem-estar das pessoas. “Ao criar espaços que são sensíveis às necessidades daqueles que enfrentaram traumas, podemos melhorar significativamente a qualidade de vida e a recuperação desses indivíduos. Além disso, o TID demonstra como o design de interiores pode ser uma ferramenta poderosa na promoção da saúde mental e emocional, além de criar ambientes acolhedores e inclusivos para todos”, diz.
Os princípios-chave do TID incluem a promoção de segurança, confiança, bem-estar, cura e privacidade. Esses princípios podem ser aplicados na concepção de espaços de várias maneiras. Por exemplo, ao reduzir estímulos que possam desencadear traumas, como cores e texturas perturbadoras, os ambientes podem se tornar mais acolhedores. A escolha cuidadosa de materiais sensoriais sensíveis, como texturas e cores, pode influenciar positivamente o humor e o comportamento das pessoas, criando um ambiente de calma e conforto. “Além disso, o TID enfatiza a importância de criar áreas de refúgio e espaços flexíveis que permitam aos indivíduos escolher o nível de envolvimento que desejam em um determinado momento. Isso é fundamental para que as pessoas possam se sentir seguras e protegidas, tendo a autonomia de controlar seu ambiente. A disposição de móveis e a escolha de cores e iluminação adequadas também desempenham um papel crucial na aplicação dos princípios do TID”, complementa Mariana.
TDI e o bem estar
O TID tem o potencial de contribuir significativamente para o bem-estar e a cura de indivíduos que enfrentam traumas, pois coloca o design de interiores como uma ferramenta terapêutica. Criar espaços que promovam segurança, conforto e privacidade é essencial para ajudar as pessoas a se sentirem à vontade e relaxadas. Isso, por sua vez, reduz o estresse e a ansiedade, proporcionando um ambiente propício para a cura. “Ao aplicar os princípios do TID, podemos minimizar gatilhos que possam retraumatizar as pessoas, criando ambientes que são acolhedores e acessíveis. A inclusão de elementos biofílicos, como plantas e elementos naturais, também tem um impacto positivo na redução do estresse e no aumento do bem-estar. Ele também reconhece a importância da empatia e da compreensão na concepção de espaços e, ao fazer isso, contribui para a promoção de uma jornada de cura mais suave e eficaz para aqueles que enfrentam traumas”, finaliza a arquiteta.
Fonte: Mariana Gontijo Couto – Arquiteta e Urbanista pela PUC Minas / Pós graduada em gestão de escritório pela PUC Minas / Especialista em projetos residenciais familiares – @criarq.im
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