Olhar feminino
Mulheres tomam conta do mercado imobiliário e garantem bons resultados
O mês de março é voltado para homenagear as mulheres. Mesmo em meio ao machismo e só preconceito, as mulheres vêm conseguindo ocupar mais espaços, um bom exemplo é o mercado imobiliário, sendo o setor com maior representação feminina. De acordo com uma pesquisa do COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), a participação feminina cresceu 144% na última década. Isso representa mais de 30% do número de profissionais legalmente registrados.
Somente na capital mineira, as mulheres representam 30% do total de 25 mil corretores atuantes em todo estado de Minas Gerais, um estado tradicionalmente mais conservador. “É uma marca muito importante, estamos mostrando que temos potencial e conquistando nosso espaço”, comemora a especialista imobiliária Arlene Gomes.
O sucesso também pode estar relacionado a características próprias da mulher. “Temos uma visão mais sensível, abrangente e detalhista, o que resulta em um atendimento personalizado”, afirma.
Assumindo o controle
Algumas mulheres acabam assumindo o controle do negócio familiar, como é o caso da proprietária da imobiliária Ágape, Priscila Graciola. “Na verdade meu marido é advogado e quando me casei com ele a Imobiliária já existia, e pelo fato da advocacia/direito tomar muito o tempo dele eu tomei as rédeas, entrei de cabeça e já iniciei fazendo muitas mudanças”, lembra.
Priscila resolveu estudar para ter mais conhecimento na área. “Assim que assumi a imobiliária senti a necessidade de fazer a faculdade de direito, e foi exatamente o que eu fiz”, revela.
Em relação ao preconceito por ser mulher, ainda há muitos desafios, mas hoje, é possível tirar essa questão de letra. “O mundo imobiliário ainda é muito machista. No meu caso em exclusivo foi um pouco pior porque quando assumi a imobiliária ela estava muito desorganizada e os clientes com hábitos não muito saudáveis para o negócio em si, ao trazer as mudanças fui muito criticada. Já atualmente, graças a Deus, me posicionei e vejo que o respeito quanto ao meu profissionalismo ultrapassa o fato de eu ser mulher”, comemora.
Os bons resultados da mulherada no setor imobiliário tem um segredo. Acredito que feeling feminino é mais aguçado. As mulheres também são mais sensíveis, o que torna um atendimento ou liderança mais humanizado. Além disso, acho que as mulheres são mais colaboradoras com o próximo, hábil em motivar as pessoas e também tem maior resiliência e facilidade para lidar com adversidades”, conta Priscila.
Ingrid Lessa é outro exemplo de superação. “O mercado imobiliário e principalmente o do Rio de Janeiro não possui mulheres de expressão dentro dele. Sofri várias situações no ambiente de trabalho, desde duvidar da minha capacidade e conhecimento profissional, como invalidar meu trabalho por ser mulher. A briga é grande, mas sou persistente e venho conquistando meu espaço”, revela a Gerente de Locação na Acir Administradora.
Para ela, a mulher trás para as áreas um olhar inquieto, assume uma postura mais aberta a compartilhar conhecimento,crescer e buscar evolução. “Somos conhecidas por ser multitarefas, mas acho que colocar como sendo essa nossa principal habilidade só é uma maneira de mascarar a nossa sobrecarga de trabalho, fazendo tudo ao mesmo tempo e com baixo reconhecimento profissional e financeiro”, frisa.
Empoderamento
Elas não se acomodam, quando o assunto é se qualificar, as mulheres estão de prontidão. “Buscamos constantemente especializar e profissionalizar nas áreas de atuação, e sempre conciliando a atividade com atribuições de mães e esposas”, frisa Arlene.
Mesmo os números sendo animadores, a ideia é que mais mulheres possam passar a fazer parte desse mercado. “Ainda há preconceito e machismo, mas enfrentamos de frente, não nos abatemos, queremos ter cada vez mais representantes e mostrar que é possível a mulher estar onde e quando ela quiser”, finaliza.
Fonte: Arlene Gomes é especialista em estratégias e gestão ágil (OKR) para imobiliárias. Atua como mentora de prosperidade no mercado imobiliário (@arlenegomes220).
Foto: Arquivo pessoal