Outubro Rosa: precisamos falar sobre sexualidade e autoestima!

Outubro Rosa: precisamos falar sobre sexualidade e autoestima!

Ainda considerado um tabu, mulheres com câncer de mama podem desenvolver diversos conflitos sexuais e perder ainda mais a autoestima em meio a luta contra a doença

Desde a década de 90, o mês de outubro é conhecido internacionalmente como o período de conscientização e prevenção contra o câncer de mama. O período sempre é lembrado como uma maneira de incentivar o diagnóstico precoce da doença, já que ao descobri-la ainda no começo, é possível salvar vidas. Enquanto isso, o mês também é dedicado a falar sobre as consequências dessa doença que, em muitos casos, são considerados tabus e podem fazer a mulher sofrer ainda mais com a saúde psicológica e física.

Entre as principais dificuldades, uma pouco comentada, mas bastante afetada, é a saúde sexual feminina que pode ficar abalada e alavancar quadros de baixa autoestima e, até mesmo, depressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece o impacto desse problema na vida das pacientes e utiliza o termo “oncosexualidade” para designar as consequências a saúde que surgem por meio dessa condição. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Católica de Leuven, cerca de metade das mulheres com câncer de mama desenvolvem durante o tratamento alguma disfunção sexual que pode persistir após a cura da doença.

Mama tem papel fundamental para preservação da autoestima

Aline Bicalho, consultora em sexualidade, explica que, culturalmente, os seios representam feminilidade e fertilidade. Por isso, esse é um dos principais pontos que despertam prazer e desejo sexual – em homens e mulheres. “Assim que recebem o diagnóstico é comum logo no início as mulheres se sentirem com muito medo e menos atraentes. Isso já começa a desenvolver gatilhos fortes para a autoestima. Ao decorrer do tratamento, alguns dos efeitos colaterais afetam neurotransmissores e a produção de hormônios que equilibram a sensação de bem-estar e prazer. Além disso, as mamas ficam mais sensíveis a dor e a líbido começa a diminuir. Outro problema ocorre quando se torna necessário também a retirada da mama que afeta profundamente a autoestima”, esclarece.

Exatamente por isso, Aline explica que, apesar de não interferir no prazer sexual em si, todos esses fatores influenciam na perda do desejo. “Muitas mulheres – além de perderem autoestima – começam a se sentir culpadas dentro do relacionamento. Elas sentem como se estivessem em “dívida” com o parceiro, algo que potencializa a culpa e, até mesmo, desentendimentos”, cita.

Dessa forma, falar sobre o assunto é cada vez mais importante para auxiliar no tratamento. A consultora ressalta que realizar acompanhamento multidisciplinar durante todo o processo é fundamental. “Não só pelas consequências a sexualidade, mas pelo conjunto de tudo. Manter o atendimento com médicos de todas as especialidades, inclusive psicólogos, é fundamental para preservar a saúde física, mental e entender os gatilhos do seu próprio corpo. Além disso, o autoconhecimento é muito importante. Olhar para si mesma, respeitar a sua história e buscar formas de alavancar a própria autoestima com atitudes que estiver preparada, como um ensaio de fotos, por exemplo, roupas sensuais, novas experiências sexuais, sempre levando em consideração o respeito próprio e a sua vontade em fazer ou não em determinado momento”, aconselha.

Além disso, o diálogo e compreensão de parceiros pode salvar vidas. “Esse é um momento delicado na vida da mulher em todos os sentidos. Portanto, o que elas mais precisam é de apoio e compreensão. Mesmo com acompanhamento médico, elas precisam de alguém com laços afetivos para desabafar, se sentirem seguras e respeitadas. Mesmo que seja difícil entender, os parceiros também podem – e devem – obter acompanhamento psicológico para entenderem melhor a situação”, completa.

Para Aline, esse momento também pode ser importante para o casal aprender mais detalhes sobre o outro e redescobrir sua história. “Conversar sobre memórias e detalhes que amam um no outro, criar novos sonhos, o olhar, o sorriso, dentre outras características, pode ajudar a criar laços ainda mais fortes, Além disso, um abraço, beijos e carinhos também podem se tornar um fonte de prazer e ajudar a resgatar a autoestima”, indica.

Aline também acrescenta sobre a importância de se conectar com outras mulheres que já passaram pela mesma situação. “É muito valioso saber que ela não é a única e que não está sozinha. Conversar com as outras mulheres sobre a sexualidade durante e após o tratamento é fundamental, pode a encorajar muito”.

Fonte: Aline Bicalho, consultora em sexualidade. Formada em sexualidade, erotismo e cultura, Líder A Sós. Empresária e criadora do Movimento Amigas Da Bunita. Casada e mãe de 3 filhos.

Redacao

Apaixonado pela área acadêmica, Felipe de Jesus | Editor e Administrativo é Jornalista (Faculdade Estácio de Sá - BH/MG), Publicitário (Instituto Politécnico-SP), Teólogo (Faculdade ESABI), Sociólogo (Faculdade Polis das Artes), Economista (Universidade São Paulo), Advogado (FACSAL/Universidade Brasil-S.A), Perito Judicial (Jurídico) nas áreas de Cálculos Trabalhistas/Contábeis | Engenharia em Avaliação de Imóveis - venda e locação - (Faculdade Beta). Tem Mestrado em Comunicação Social: Jornalismo e Ciências da Informação (UEMC).

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