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Empresário acusa governador Pimentel de receber R$ 10 milhões em propinas

Um empresário que fez um acordo de delação com a procuradoria geral da República acusou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, de ter recebido R$ 10 milhões em propina.

É a segunda delação da Operação Acrônimo, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.

O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, assinou o acordo com a procuradoria-geral da República.

Nesta segunda-feira (23), o jornal “O Globo” revelou que, em depoimento, Bené acusou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, de receber dinheiro de empresas beneficiadas pelo BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
O Ministério Público diz que Bené, que é amigo de Pimentel, atuava como intermediário dos pagamentos.

Segundo a reportagem, Bené afirmou que só da Caoa, representante da Hyundai no Brasil, Pimentel teria recebido mais de R$ 10 milhões. E que houve irregularidades em negócios financiados pelo BNDES na Argentina e em Moçambique e que Pimentel seria um dos possíveis beneficiários.

A TV Globo confirmou o conteúdo da delação. As novas revelações serão incluídas na denúncia do Ministério Público contra Pimentel. Serão reabertos prazos para a defesa e, com isso, o julgamento sobre o governador no Superior Tribunal de Justiça deve ficar para o segundo semestre. A corte especial do STJ vai decidir se ele vira réu e se será afastado do cargo.

No dia 6 de maio, a procuradoria acusou Pimentel de cometer os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público afirma que o governador atuou para gerar benefícios tributários para o grupo Caoa.

O MP diz que Pimentel fez isso quando era ministro do Desenvolvimento, entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014, e continuou depois que se elegeu governador.

Em troca, a propina foi de R$ 2 milhões, segundo o Ministério Público. O valor revelado por Bené na delação foi bem maior: R$ 10 milhões. Por isso, a delação será acrescentada à denúncia.

Segundo a procuradoria, trocas de mensagens de celular entre os envolvidos comprovam a negociação para simular consultorias da Caoa a empresas de Bené, que repassaram propina a Pimentel.

A defesa do governador Fernando Pimentel afirmou que ele nunca cometeu nenhuma irregularidade à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria E Comércio.
O advogado de Pimentel, Eugênio Pacceli, declarou que a suposta delação por si só não é elemento de prova e que a divulgação de parte de seu suposto conteúdo é ilegal, o que pode invalidar a delação.

O advogado da Caoa, José Roberto Batochio, afirmou que o grupo não tem conhecimento da existência de qualquer delação que se refira às atividades da empresa.

E que a Caoa jamais tomou qualquer empréstimo com o financiamento do BNDES. A defesa criticou o que chama de divulgação de delações premiadas sem que as pessoas envolvidas possam esclarecer os fatos alegados.

O BNDES reafirmou que não concedeu financiamentos à Caoa. E que as operações do banco somente são feitas com critérios impessoais e técnicos, e que o processo passa por auditoria independente.

Nós não conseguimos contato com a Hyundai e com a defesa do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto.