Paul Brennan – Pixabay.
A psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, Cíntia Santos, destaca que muitas vezes as organizações não são tão inclusivas como poderiam ser simplesmente pela falta de conhecimento por parte dos gestores
As pessoas com os mais diversos tipos de deficiência representam uma parcela importante da sociedade. Infelizmente, muitas vezes, costumam ter as suas potencialidades produtivas e as necessidades ignoradas. Mesmo que a Lei de Cotas estabeleça que nas organizações com 100 ou mais empregados, 2% a 5% do quadro funcional deve ser composto por pessoas com deficiência, ainda existem problemas, como a falta de estrutura para receber esses trabalhadores. Em algumas situações, o motivo é simplesmente a falta de conhecimento por parte dos gestores das organizações.
Promover a inclusão social da pessoa com deficiência e a inserção no mercado de trabalho são os desafios abraçados pelo Instituto Ester Assumpção, que não tem fins lucrativos e que não conta com nenhum tipo de apoio governamental. De acordo com Cíntia Santos, psicóloga e coordenadora de projetos da entidade, são 34 anos de atuação, desde a fundação pela mulher que dá nome à organização. “Estamos há mais de três décadas planejando e executando estratégias para tornar o ambiente laboral mais inclusivo. As principais frentes de atuação do Instituto são a busca e divulgação de vagas para pessoas com deficiência e a consultoria para gestores tornarem suas equipes e estruturas aptas a receberem indivíduos com a condição”, explica.
Cíntia Santos destaca que para uma organização se tornar inclusiva, é necessário pensar para além da simples contratação. “O que os gestores precisam ter em mente é que a contratação de uma pessoa com deficiência depende de alguns quesitos indispensáveis. As adaptações estruturais são importantes, mas é possível iniciar o processo sem estar 100% acessível do ponto de vista arquitetônico. A inclusão precisa ser iniciada de alguma forma e, ouvindo e entendendo o que o funcionário precisa é interessante. Não basta contratar, é preciso proporcionar condições para que estes indivíduos possam desempenhar as atividades de maneira saudável, confortável e produtiva. A definição de políticas internas inclusivas e a devida atenção a alguns pontos cruciais são muito importantes, como exemplo, a acessibilidade para profissionais com dificuldade de locomoção, ou necessidades mais específicas, como sinalização em braile para pessoas com deficiência visual, mesas e acessos adaptados para os cadeirantes, bebedouros acessíveis e outras adaptações, além de estratégias que fomentem a cultura organizacional inclusiva, que podem ser planejadas através de uma consultoria, como as que oferecemos aqui no Instituto Ester Assumpção”, comenta.
Muitas organizações utilizam as barreiras arquitetônicas como justificativas para não contratarem profissionais com deficiência, o que, para Cíntia Santos, são apenas desculpas vazias, já que esta dificuldade pode ser vencida com ajuda especializada. “Creditar o motivo de não ser uma organização inclusiva à questão estrutural é só um argumento para quem se recusa a cumprir a lei e não contribui para a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Temos cases aqui no Instituto de empresas que, com a nossa consultoria, conseguiram transpor barreiras arquitetônicas e, de forma mais desafiadora, os obstáculos culturais, que hoje são exemplos para outras organizações”, relata a psicóloga.
Segundo a especialista, cabe ressaltar que são diversas as deficiências reconhecidas como incapacitantes parciais e que fazem o cidadão ser reconhecido como pessoa com deficiência. Por isso, o contratante deve se ater a isso e lembrar que a acessibilidade está prevista na legislação. “Sabemos que existem vários tipos de deficiências e dentre elas estão as intelectuais, físicas, ligadas à audição ou à fala. Por esse motivo, é de extrema importância que haja a adaptação dos ambientes para facilitar a mobilidade desses trabalhadores, visando a inclusão de pessoas com deficiência na empresa. Estamos falando de um ponto sério, já que a acessibilidade é garantida pela Lei 10.098/2000, tendo como objetivo permitir que as restrições físicas do indivíduo ou intelectual não atrapalhem o seu acesso aos espaços públicos e privados, assim como uso dos serviços oferecidos. Ou seja, o Art. 1º diz que: ‘Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação’. Ou seja, estamos falando de situações ao qual as empresas precisam se ater também”, completa.
Para Cíntia Santos, as adaptações físicas da empresa devem ser prioritárias e ela lembra que a consultoria do Instituto Ester Assumpção contribui para ajudar a nortear as decisões dos gestores. “Caso a organização tenha recrutado um colaborador que tenha necessidades específicas, é preciso as adaptações sejam realizadas antes do início do contrato de trabalho”, conclui.
Instituto Ester Assumpção
Fundado no ano de 1987, o Instituto Ester Assumpção é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos criada por Ester Assumpção, educadora nacionalmente conhecida pelo caráter pioneiro e inovador no campo da educação. A instituição atua no campo da inclusão da pessoa com deficiência e tem como foco contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade seja aceita e respeitada na sua integralidade. As principais frentes de atuação são a qualificação e inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e a consultoria para que as organizações se adequem e cumpram o papel social de promover a inclusão.
Site: https://www.ester.org.br
Instagram: https://www.instagram.com/institutoesterassumpcao/