Bebedouro industrial –Foto: Pedro Brum.
O dispositivo ÁguaàLaser, criação genuinamente mineira que dispensa o toque para dispensar água em copos e garrafas, já utilizada em vários estados brasileiros, é usado como estratégia para evitar contaminações por meio do contato físico
O ÁguaàLaser, desenvolvido pelo empreendedor mineiro Muriel Ornela e sua equipe, consiste em um sensor que pode ser adaptado em bebedouros, eliminando a possibilidade de contaminações por meio do contato. Com isso, para pegar água em garrafas e copos, basta aproximar a mão à frente da torneira de sensor e o líquido será ejetado para dentro do recipiente. O dispositivo, que teve sua patente solicitada, é produzido pela Beloar, empresa sediada em Belo Horizonte e que tem à frente o criador da invenção.
O uso do bebedouro com jato inclinado, aquele em que a pessoa bebe água direto da bica e que o contato manual para o acionamento da torneira é necessário, não é recomendado pela Anvisa. Porém, caso o equipamento já esteja instalado, como é o caso de muitas igrejas, não é preciso trocar todo o bebedouro. “Temos a opção de apenas adaptar um sensor ou substituir toda a estrutura. Nos deparamos com os dois tipos de situação nos templos religiosos que nos acionaram e em todos a satisfação dos líderes e fiéis foi total”, conta Muriel Ornela.
Em Belo Horizonte, a invenção de Muriel Ornela foi instalada nas igrejas Assembleia de Deus e Batista da Paz, além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cidade Administrativa do Governo do Estado de Minas Gerais, escolas e várias empresas. De acordo com o empreendedor, a Beloar tem recebido pedidos de diversas partes do país para testes ou aquisições definitivas.
Proteção contra a Covid-19 e outras doenças
Ao instalar o ÁguaàLaser, além de cumprir os protocolos, várias outras doenças, além da Covid-19, também são evitadas. A bióloga, mestre e doutoranda em Imunologia pela UFMG, Ana Clara Matoso, destaca a importância de dispositivos que dispensam o contato físico para evitar contaminações que podem ser prejudiciais à saúde. Ela aponta que a disseminação de microrganismos e a propagação de infecções é preocupante em todo o mundo e, após o início da pandemia do novo coronavírus, têm aumentado o número de diretrizes e legislações para o controle da disseminação destas infecções em espaços públicos.
De acordo com a doutoranda, a contaminação por contato pode ocorrer indiretamente por meio de um objeto ou superfícies contaminadas, que funcionam como reservatórios de microrganismos que se espalham por quem entra em contato com ela, principalmente em locais onde passam um alto número de pessoas por dia, como instituições públicas, instituições de ensino e espaços de atendimento à saúde. E os bebedouros por acionamento manual acabam se tornando fontes de contaminação.
Ana Clara relacionou alguns microrganismos encontrados em superfícies e que podem causar doenças graves:
Bactérias:
Acinetobacter spp. (Infecção do trato respiratório, pneumonia, infecção da ferida, bacteremia)
Campylobacter spp. (Gastroenterite – diarreia)
Clostridium difficile (Gastroenterite – diarreia, colite pseudomembranosa)
Enterococcus spp (Endocardite, meningite, infecção relacionada ao cateter hospitalar)
Escherichia coli (Gastroenterite – diarreia, peritonite, infecção do trato urinário)
Klebsiella spp. (Infecção do trato urinário, pneumonia, infecção do trato respiratório)
Salmonella spp. (Febre entérica, gastroenterite-diarreia)
Staphylococcus spp (Gastroenterite-diarreia, infecção de pele, pneumonia, infecção relacionada ao cateter hospitalar)
Fungos:
Aspergillus spp. (Infecção pulmonar, infecção de pele, infecção do sistema nervoso central, endocardite)
Candida spp. (Candidíase oral e vaginal)
Vírus:
Coronavírus spp. SARS (síndrome respiratória aguda grave) e MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio)
Influenza vírus (Gripe)
Norovirus (Gastroenterite – diarreia)
Rotavirus (Rotavirosos – diarreia aguda)
Acessibilidade e inclusão social
Por mais que o uso da invenção de Muriel Ornela seja mais percebido em razão da pandemia, há outros benefícios importantes, como a melhoria na acessibilidade para pessoas com deficiência, o que pode tornar os locais mais inclusivos. “Com a liberação do fluxo de água por sensor de aproximação, idosos, cadeirantes e pessoas amputadas poderão consumir água com mais facilidade, visto que só será preciso segurar seu copo ou squeeze à frente da torneira de sensor, sem ser necessário apertar nenhum botão, o que gera mais independência por parte do indivíduo”, exemplifica o gestor da empresa que desenvolveu três tipos de torneiras com sensor e que se adaptam aos principais bebedouros do mercado: bebedouro industrial, bebedouro de pressão e bebedouro acessível.
Tecnologia nacional
Site da empresa: www.beloar.com.br
Loja on-line: https://loja.beloar.